Sul de Itália inesquecível. Roteiro para umas férias repletas de paisagens e de experiências inolvidáveis

Um dia, teria que ser. Foi a primeira viagem ao estrangeiro que fiz desde o início da pandemia. Comprei o bilhete de avião para Nápoles, no sul de Itália, nos primeiros dias de dezembro de 2019. A ideia era aterrar na capital da Campânia em meados de junho do ano seguinte. O surto viral que confinou o mundo adiou-me os planos mas não alterou, na essência, o roteiro de 12 dias que elaborei para visitar uma das regiões italianas que mais ambicionava conhecer.

No início de setembro de 2021, peguei numa mala e numa mochila e lá fui eu. Duas horas e meia depois, estava em Nápoles. Fui direto ao porto. A uma curta distância, o La Ciliegina Lifestyle Hotel, o primeiro boutique hotel a abrir na cidade, tinha-me convencido pelo charme e pela localização, a escassos metros da estação marítima que dias depois me levaria. Não poderia ter feito melhor escolha, como viria a comprovar depois.

Finalmente livre da bagagem, parti, a pé, à descoberta da metrópole. A intenção era ir até ao Castelo do Ovo, um dos mais antigos da cidade. Mas, uns metros à frente, deparei-me logo com a Galeria Umberto I. Apesar de ser uma das mais famosas de Itália, não tem, todavia, o requinte nem a opulência da Galeria Vittorio Emanuele II, em Milão. Mas Nápoles é assim. Descuidada e decadente. Com muito património arquitetónico longe daquilo que já foi.

Continuei na minha demanda e, quando dei por mim, estava na Piazza del Plebiscito, em frente ao Palácio Real de Nápoles, que aproveitei para visitar. O bilhete custa 6 € e a visita faz-se em 90 minutos. Segui, depois, para o castelo. Em plena pandemia, era preciso fazer um registo antecipado para o poder ver. Como não tinha essa informação, continuei, sempre a observar o mar, até ao Villa Comunale di Napoli, o jardim público da cidade, ponto de passagem obrigatório.

Decadência fascinante

O centro histórico de Nápoles, menos aprazível do que o passeio marítimo, foi o destino seguinte. Confuso, ruidoso e negligenciado, desperta emoções muito díspares. Ali não há meio termo. Ama-se ou odeia-se. Sente-se uma necessidade urgente de percorrer todas as ruas e ruelas numa busca desesperada de detalhes artísticos e arquitetónicos que só se revelam depois um olhar mais atento ou, antes pelo contrário, uma repulsa que nos impele a sair rapidamente daquela zona.

Eu não só decidi ficar lá como ainda lá voltaria pelo menos mais duas vezes. Numa das arcadas da Piazza Dante, que homenageia o poeta Dante Alighieri, nascido no século XIII, não faltam alfarrabistas e antiquários. Nem lojas e cafés. Deambulando sem destino, dei por mim debaixo de um arco que permitia o acesso a uma pequena rua pedonal, também ela com um ar decadente, com uma esplanada paradoxalmente convidativa.

Um letreiro na parede despertou-me a atenção. Aperol spritz de melão a 2 €? Nem hesitei. Sentei-me e pedi um! O empregado de mesa do TapaSpritz, localizado no número 4 do Vico del Fico Al Purgatorio, trouxe-me a ementa. O que li surpreendeu-me deveras. Pizas napolitanas a partir de 3,50 € vindas diretamente do forno de lenha do restaurante ao lado? Aproveitei e jantei logo ali. Não gastei 10 € e comi soberbamente.

No regresso ao hotel, sob um céu escuro e ainda quente, tomei um banho no jacúzi existente no terraço, com uma vista privilegiada para a cúpula iluminada da Galeria Umberto I e para o Castel Sant’Elmo, o castelo medieval erguido na antiga fortaleza militar que abraça Nápoles a partir do Vomero, uma colina imponente, acessível através de um funicular. O bilhete custa 2,50 € e garante o acesso a uma das melhores panorâmicas da cidade.

A ilha dos sonhos

No dia seguinte, o segundo, após o pequeno-almoço, dirigi-me de imediato à estação marítima. Comprei um bilhete de ida e volta para Capri, a luxuosa ilha mediterrânica que atrai anualmente milhares de turistas. A viagem demora cerca de 60 minutos e não ultrapassa, por norma, os 45 €. O preço varia em função dos horários selecionados. À chegada à ilha, a primeira coisa a fazer é comprar um bilhete para o funicular que leva ao pitoresco centro histórico.

Depois, é percorrer as ruelas de lojas, visitar as igrejas, aproveitar as esplanadas, explorar os recantos e apreciar as vistas. O percurso a pé até ao Arco Naturale, a formação rochosa que resta de uma gruta paleolítica que ruiu a escassas centenas de metros do mar, é uma forma de fugir das concentrações de pessoas. Apesar de não ser a opção mais óbvia para muitos turistas, faz-se em cerca de meia hora e permite um maior contacto com a natureza.

Anacapri, a segunda maior aglomeração urbana da ilha, facilmente acessível de autocarro, também merece um desvio. Depois de visitar o centro histórico, dirigi-me para o imponente terraço do Hotel Caesar Augustus. Propriedade da família de Francesco Signorini, um executivo italiano apaixonado por Portugal que sonha com uma casa no Príncipe Real, em Lisboa, tem uma das melhores vistas da ilha. Tem ainda a vantagem de não estar cheio de turistas.

Barroco imponente

O terceiro dia foi reservado para visitar Reggia di Caserta, o exuberante palácio real barroco que o rei Carlos VII encomendou com a ambição de criar a capital mais avançada da Europa. Projetado pelo engenheiro e arquiteto Luigi Vanvitelli, compete em grandiosidade com o Palácio de Versalhes, em França, que pretendeu imitar. O bilhete custa 19,50 € e, além dos apartamentos reais e do teatro antigo, possibilita o acesso aos vastos jardins.

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